Pescador de Pérolas

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Em busca de Iara, documentário dirigido por Flávio Frederico (Brasil, 2014), narra o itinerário de Iara Iavelberg na luta armada contra a ditadura militar em fins de 1960 e início dos 70. Iara, companheira de Carlos Lamarca, foi dada como suicida pelo governo militar. O documentário, cujo roteiro é de Mariana Pamplona, sobrinha de Iara, questiona a versão oficial de sua morte e revela os sentidos dessa busca para a família. O documentário traz a história pessoal pela História política, e a história pessoal como a história de milhares de desaparecidos, torturados e mortos na ditadura.

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Sentinela

Milton Nascimento

Morte vela sentinela sou do corpo desse meu irmão que já se vai
Revejo nessa hora tudo que ocorreu, memória não morrerá
Vulto negro em meu rumo vem
Mostrar a sua dor plantada nesse chão
Seu rosto brilha em reza, brilha em faca e flor
Histórias vem me contar
Longe, longe, ouço essa voz
Que o tempo não vai levar
Precisa gritar sua força ê irmão, sobreviver
A morte inda não vai chegar, se a gente na hora de unir
Os caminhos num só, não fugir e nem se desviar
Precisa amar sua amiga, ê irmão e relembrar
Que o mundo só vai se curvar
Quando o amor que em seu corpo já nasceu
Liberdade buscar,
Na mulher que você encontrar
Morte vela sentinela sou
Do corpo desse meu irmão que já se foi
Revejo nessa hora tudo que aprendi, memória não morrerá
Longe, longe, ouço essa voz
Que o tempo não vai levar
Ariola, 1980.

Tusp expõe cicatrizes da ditadura em Maria Antonia – 45 anos da batalha

Publicado em CulturaUSP Online Destaque por Denis Pacheco em 30 de setembro de 2013 |

Para os passantes da rua Maria Antonia, localizada na Vila Buarque, bem próxima ao centro de São Paulo, o edifício conhecido como Centro Universitário Maria Antonia talvez seja apenas mais um prédio. A fachada imponente mantém suas portas abertas para visitantes de todos os lugares. Mas somente os mais atentos irão reparar na placa que homenageia vítimas de um ataque acontecido 45 anos atrás.
Para relembrar a cidade do violento confronto ocorrido em 3 de outubro de 1968, a equipe do Teatro da USP (Tusp) promoverá, de 1 a 9 de outubro, o evento Rua Maria Antonia – 45 anos da batalha. A programação conta com uma palestra ministrada pela especialista Irene Cardoso, exibição de filme dirigido por Renato Tapajós e um novo espetáculo montado pelo grupo OPOVOEMPÉ, com direção de Cristiane Zuan Esteves.
A chamada “Batalha da Maria Antonia” foi o conflito entre estudantes da então Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP e da Universidade Presbiteriana Mackenzie em 1968. Na época, marcada pelos anos iniciais da ditadura militar no Brasil, as duas instituições eram vizinhas.
A confusão histórica se iniciou após uma série de provocações entre os alunos envolvendo um “pedágio” estudantil na rua Maria Antonia. O que começou como uma discussão entre estudantes, transformou-se numa explosão de violência que resultou em um incêndio, dezenas de feridos e na morte de um estudante secundarista...

Arqueologias do Presente

A ideia, fruto de discussões entre a equipe do Tusp, comandada por Celso Frateschi, começou como uma tentativa de se resgatar a memória cada vez mais presente da ditadura militar no Brasil, como afirma Deise Abreu Pacheco, orientadora de Arte Dramática, responsável pela curadoria e gestão do Tusp.
Por meio de uma série de contatos, a equipe do Tusp chegou até a especialista Irene Cardoso, autora do livro Para uma crítica do presente, que parte da invasão da FFCL, em 1968, para realizar uma abordagem dos fatos que marcaram uma geração. Após uma sucessão de encontros, Irene e a diretora Cris Esteves trocaram experiências que ajudaram na formulação da peça “Arqueologias do Presente: A Batalha da Maria Antonia”.